quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
CRIS VIANA no FAUSTÃO
Posso estar sendo xiita, mas há um tempo que observo as cenas de Cris Viana na novela Fina Estampa e acho que há um tratamento preconceituoso com a atriz. A começar pelo figurino que é sempre o mesmo - vestidinho curto dando pinta de calcinha.
Boa parte das cenas em que a personagem teve destaque, estava nua, tomando banho na laje ou transando com o "Quinzé" e numa dessas cenas, a personagem foi surpreendida pelo filho. Constrangedor.
Domingo passado a atriz esteve no Faustão prá ser jurada de um quadro de humoristas. Na banca estavam a atriz Maria Fernanda - chiquérrima como sempre - Fabiana Karla, Maurício Sherman e Cris Vianna.
A pergunta feita pelo Faustão aos jurados era: O que eles esperavam do humor que ali seria apresentado. Porém ao chegar na vez da atriz Cris Viana, o apresentador dispara: "Cris Viana, o que vc espera de um homem ???"
Opa! a pergunta prá todos era sobre HUMOR e prá ela, HOMENS???
Achei estranho uma pergunta totalmente fora do contexto. E pela expressão, acho que ela também. Infelizmente, ainda há esse ranço racista e preconceituoso em relação a mulher negra no Brasil. Na dramaturgia, antes, era a escrava, depois a empregada, e ultimamente a própria Rede Globo vem tentando fazer uma média prá se redimir da segregação racial imposta aos atores negros nas suas novelas.
Cris Vianna é bailarina e atriz, além de ser uma linda mulher. Não vou dizer que ela deve ser seletiva em relação aos trabalhos pq talvez, no início, o ator não saiba exatamente o rumo que será dado ao personagem no decorrer da trama, além do que, estar na Globo é o sonho de consumo de qq ator.
Cada um sabe onde o calo aperta, mas uma coisa não se pode esquecer: não há mudança sem resistência.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
GRANDE RIO: A GENTE SE LIGA EM VC !
Chega a ser PIEGAS a GRANDE RIO com seu deslumbramento pela Rede Globo.
Em 2013 o enredo é BONI.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
VALCI PELÉ, um pouco mais que "samba no pé".
Conheci Valci Pelé em meados de 1997, na quadra da Portela. Quieto e reservado, desfilávamos na mesma ala, mas nunca nos tornamos grandes amigos. De um tempo prá cá, tenho visto muitas coisas legais para o samba, fruto do trabalho desse cara de poucas palavras mas de muita ação.
Valci está envolvido em muitos projetos que visam a valorização da dança do samba, acho que o primeiro deles foi o PROJETO PRIMEIRO PASSO, com passistas mirins da Portela, depois veio a CIA. DANÇA DO SAMBA, que é uma companhia de teatro que monta musicais; o GRUPO JAQUEIRA, de músicos-passistas portelenses e mangueirenses que cantam clássicos do samba; e até um projeto de lei n. 4462 que insituiu o dia 19 de janeiro como o DIA DO PASSISTA!
Valci não está no mundo a passeio, não tem só samba no pé, tem idéias bacanas que muito colaboram para a presevação do samba enquanto dança, lindamente executada pelos passistas.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
WANTUIR, INTÉRPRETE OFICIAL DA GRANDE RIO, LANÇA CD
Wantuir, agora, de Oliveira, intérprete oficial da GRES Grande Rio, comemorou o lançamento do seu primeiro CD "SIMPLICIDADE", no dia 15/11/2011 na quadra da Escola em Duque de Caxias.
Lembro-me do Wantuir na Porto da Pedra e depois na Tradição. Dizia-se que ele era um cantor, que tinha uma voz bacana, etc.
Acho que Wantuir poderia ter aproveitado melhor seu evento. A quadra da escola, que talvez lhe tenha sido ofertada gratuitamente, não foi a melhor escolha, pois faltou algo primordial para um artista: o glamour. O artista vive desse glamour, desse mistério que o envolve e que atrai seu público. Na GR ele é figurinha fácil, então não foi um bom lugar. A organização falhou, não havia nehnhum controle de convidados e a quadra mais parecia um dia de samba qualquer: as pessoas de chinelo, camiseta, e muita cerveja nos odiosos baldes cheios de gêlo, que depois derretidos, formam aquela lama horrososa!
Os convidados, em sua maioria tb puxadores de escola de samba (Neguinho de Beija Flor, Bruno Ribas, Gilsinho da Portela e outros) também pareciam meio apagados pelo ambiente.
Por fim, o cantor entrega o microfone à mulher e a filha, tornando o evento quase um ... Karaoke em família.
Mas, nem tudo está perdido, talvez a noite de gala seja no dia 18/11/2011 no Teatro Raul Cortez. Wantuir, além de talentoso, é um cara bacana e mereçe um lugar no ao sol no mercado do samba.
domingo, 9 de outubro de 2011
SOU CACIQUE, SOU MANGUEIRA
Aconteceu ontem (08/10) a escolha do samba da Mangueira para o carnaval 2012.
Sendo uma data festiva, sabe-se que as quadras vão lotar, então um pouco de logística e gerenciamento se faz necessário. E a organização da escola parece que se esforçou em tornar pior o que normalmente, tende a ser ruim.
Calma, não me apedregem! Eu tb sou mangueirense e adoro escolha de samba! Mas o que aconteceu ontem em Mangueira, foi, no mínimo, desrespeitoso. Obviamente que não estou falando para a milionária Beth Lagardére ou para o estilista Jean Paul Gaultier. Estou falando pro povo que pagou R$40,00 pelo ingresso.
Do lado de fora, a cerveja custava R%5,00. Menos de 200 ml de um caldinho de mocotó, R$5,00, água, R$3,50. O controle da entrada estava rigoroso e mesmo a comunidade teve dificuldade em entrar na quadra.
Agora, os arranjos e arrumações que foram criados na quadra, são um capítulo à parte. Não, não é saudosismo, ou caduquice por achar que as coisas não devem mudar. Não, não é isso.
Mas mudar, só se for prá melhor, Presidente!!!
Primeira coisa a ser dita é que FEIJOADA E ESCOLHA DE SAMBA NO MESMO DIA NÃO FUNCIONA! E não funcionou: o som deu pane - até 2h30min nenhum microfone funcionava. Depois, ainda que rapidamente, faltou energia e não foi culpa da Light, mas do "jeitinho" que se tentava dar prá fazer o som funcionar.
Todas as bebidas acabaram antes mesmo do último samba se apresentar!
A quadra estava um lamaçal. Bem, mas isso só sabe quem tava no chão da quadra. Do camarote não dá prá perceber.
Outra coisa: o Presidente faz um discurso dizendo que a quadra é pequena, que precisam construir uma nova, no prédio onde funcionou um dia o IBGE, etc... Mas se a quadra é pequena, segundo o próprio Presidente, quem teve a genial idéia de colocar um palco no meio desta quadra pequena???
Tablados por toda parte onde foram colocadas as mesas. Nos corredores laterais, em baixo dos camarotes que já haviam, foram "criados" novos camarotes. No centro da quadra, um palco para os puxadores. Aliás, na minha modesta opinião, era muito bom aquele espaço originalmente criado para os puxadores. Mas... e o infeliz do povão ficou aonde? Bem, deixa prá lá. Prefiro não comentar.
Como pau que dá em Chico, dá em Francisco, a escola de samba, como instituição brasileira, não poderia ser diferente, né?! Nem mesmo sendo a minha gloriosa Mangueira.
Mas o que foi bom então???
A Mangueira em si. Ver o balançar da bandeira da escola, o dançar do casal de mestre sala e porta bandeira, ver a alegria do mangueirense, rever os amigos, a bateria nota 1000, a esperança de mais um carnaval emocionante e honroso, como todos os carnavais da mangueira.
No carnaval passado as duas palavras da hora eram: SUPERAÇÃO E CHÃO. Na Mangueira, pelo menos na quadra, o "chão" da escola tá meio abandonado.
As críticas aqui lançadas, tem dois únicos objetivos: registro e desejo de mudança, porque como bem canta o Bola Preta "quem não chora, não mama..."
Sendo uma data festiva, sabe-se que as quadras vão lotar, então um pouco de logística e gerenciamento se faz necessário. E a organização da escola parece que se esforçou em tornar pior o que normalmente, tende a ser ruim.
Calma, não me apedregem! Eu tb sou mangueirense e adoro escolha de samba! Mas o que aconteceu ontem em Mangueira, foi, no mínimo, desrespeitoso. Obviamente que não estou falando para a milionária Beth Lagardére ou para o estilista Jean Paul Gaultier. Estou falando pro povo que pagou R$40,00 pelo ingresso.
Do lado de fora, a cerveja custava R%5,00. Menos de 200 ml de um caldinho de mocotó, R$5,00, água, R$3,50. O controle da entrada estava rigoroso e mesmo a comunidade teve dificuldade em entrar na quadra.
Agora, os arranjos e arrumações que foram criados na quadra, são um capítulo à parte. Não, não é saudosismo, ou caduquice por achar que as coisas não devem mudar. Não, não é isso.
Mas mudar, só se for prá melhor, Presidente!!!
Primeira coisa a ser dita é que FEIJOADA E ESCOLHA DE SAMBA NO MESMO DIA NÃO FUNCIONA! E não funcionou: o som deu pane - até 2h30min nenhum microfone funcionava. Depois, ainda que rapidamente, faltou energia e não foi culpa da Light, mas do "jeitinho" que se tentava dar prá fazer o som funcionar.
Todas as bebidas acabaram antes mesmo do último samba se apresentar!
A quadra estava um lamaçal. Bem, mas isso só sabe quem tava no chão da quadra. Do camarote não dá prá perceber.
Outra coisa: o Presidente faz um discurso dizendo que a quadra é pequena, que precisam construir uma nova, no prédio onde funcionou um dia o IBGE, etc... Mas se a quadra é pequena, segundo o próprio Presidente, quem teve a genial idéia de colocar um palco no meio desta quadra pequena???
Tablados por toda parte onde foram colocadas as mesas. Nos corredores laterais, em baixo dos camarotes que já haviam, foram "criados" novos camarotes. No centro da quadra, um palco para os puxadores. Aliás, na minha modesta opinião, era muito bom aquele espaço originalmente criado para os puxadores. Mas... e o infeliz do povão ficou aonde? Bem, deixa prá lá. Prefiro não comentar.
Como pau que dá em Chico, dá em Francisco, a escola de samba, como instituição brasileira, não poderia ser diferente, né?! Nem mesmo sendo a minha gloriosa Mangueira.
Mas o que foi bom então???
A Mangueira em si. Ver o balançar da bandeira da escola, o dançar do casal de mestre sala e porta bandeira, ver a alegria do mangueirense, rever os amigos, a bateria nota 1000, a esperança de mais um carnaval emocionante e honroso, como todos os carnavais da mangueira.
No carnaval passado as duas palavras da hora eram: SUPERAÇÃO E CHÃO. Na Mangueira, pelo menos na quadra, o "chão" da escola tá meio abandonado.
As críticas aqui lançadas, tem dois únicos objetivos: registro e desejo de mudança, porque como bem canta o Bola Preta "quem não chora, não mama..."
sexta-feira, 29 de julho de 2011
CASA DE SOGRA - NINHO DE COBRA
Leio de vez em quando um blog muito engraçado que se chama "HOMEM É TUDO PALHAÇO". Inspirada nessa idéia, estou pensando em criar um blog falando sobre sogras. Acho que terei muitas colaboradoras.
Enquanto isso, só prá introduzir o assunto,vou dizer o que é SOGRA.
SOGRA é um animal do reino animalia, do filo chordata, pertencente a classe dos répteis, chamadas também de serpentes.
São animais selvagens, embora alguns tentem domesticá-las sem sucesso. Observa-se que as fêmeas costumam ser mais ferozes quando geram ovos com filhotes machos, tentando até o fim de suas existências, apropriar-se deles, impedindo assim, que se reproduzam.
O veneno contido na SOGRA costuma ser fatal, podendo matar um casamento em poucos meses.
Todo cuidado é pouco!
Enquanto isso, só prá introduzir o assunto,vou dizer o que é SOGRA.
SOGRA é um animal do reino animalia, do filo chordata, pertencente a classe dos répteis, chamadas também de serpentes.
São animais selvagens, embora alguns tentem domesticá-las sem sucesso. Observa-se que as fêmeas costumam ser mais ferozes quando geram ovos com filhotes machos, tentando até o fim de suas existências, apropriar-se deles, impedindo assim, que se reproduzam.
O veneno contido na SOGRA costuma ser fatal, podendo matar um casamento em poucos meses.
Todo cuidado é pouco!
A VOLTA DA VOVÓZINHA
Agora eu sou uma vovózinha!!!
E estou adorando esse estado. Tornar-me avó (na verdade, tornaram-me sem nem me consultar) tem significados jamais antes pensados.
Sinto-me realizada pelo tempo vivido, pelos filhos que tive, pelas lutas que enfrentei e por estar viva e feliz, apesar de tantas desilusões.
Ser avó dá legitimidade aos meus conselhos, afinal, respeitem meus cabelos brancos, eu sou uma avó!
Agora não sou apenas uma mãe de família, sou uma avó de família!
Do alto da minha vozozice, me dou o direito de fazer menos o que não quero, de não engolir sapos e de aproveitar melhor o tempo que me resta, sim, pq quando somos avós, um sinal se acende dentro de nós que adverte o quanto a vida é breve e que não temos tempo a perder.
Ser avó é uma verdadeira consagração!
Muito obrigada Luana e Geovanna.
E estou adorando esse estado. Tornar-me avó (na verdade, tornaram-me sem nem me consultar) tem significados jamais antes pensados.
Sinto-me realizada pelo tempo vivido, pelos filhos que tive, pelas lutas que enfrentei e por estar viva e feliz, apesar de tantas desilusões.
Ser avó dá legitimidade aos meus conselhos, afinal, respeitem meus cabelos brancos, eu sou uma avó!
Agora não sou apenas uma mãe de família, sou uma avó de família!
Do alto da minha vozozice, me dou o direito de fazer menos o que não quero, de não engolir sapos e de aproveitar melhor o tempo que me resta, sim, pq quando somos avós, um sinal se acende dentro de nós que adverte o quanto a vida é breve e que não temos tempo a perder.
Ser avó é uma verdadeira consagração!
Muito obrigada Luana e Geovanna.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
MARTINHO DA VILA
Esta semana tive muitas saudades do disco ROSA DO POVO, do mestre Martinho da Vila. Eu cantava todas as músicas deste disco. Então fiquei curiosa em saber o ano em que ele foi lançado, e pesquisando na discografia, descobri, surpresa, que foi em 1976, o que significa que eu tinha 10 anos!
Ah! vocês não vão pegar a maquininha prá quererem saber quantos anos eu tenho agora, não é mesmo?! Mas voltando ao Martinho, esse disco é maravilhoso, uma obra prima, a começar pela capa.
O disco traz sambas clássicos como CLAUSTROFOBIA, do próprio Martinho da Vila; JOÃO E JOSÉ, de Martinho da Vila e João Nogueira; HISTÓRIA DA LIBERDADE DO BRASIl, um magnífico samba-enredo; PIQUINIQUE, CHORAR NÃO CABE AGORA, em fim, o disco todo é um primor.
Aí fui vendo outros discos, tais como CANTA, CANTA, MINHA GENTE (1974); MARAVILHA DE CENÁRIO (1975); PRESENTE (1977); TENDINHA (1978), TERREIRO, SALA E SALÃO (1978) e muitos outros.
Uma das poucas saudades que eu tenho da infância são as músicas que eu ouvia. Deu no que deu, né?!
Martinho José Ferreira, o nosso Martinho da Vila, tem ginga de carioca mas nasceu no interior do Estado, em Duas Barras. Filho de lavradores, veio para o Rio de Janeiro com 4 anos.
Adulto, trabalhou como Auxiliar de Químico Industrial, como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador. Em 1970, deu baixa para se tornar cantor profissional. Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil.
Sua vida de sambista (ritmista, passista, compositor, puxador de samba enredo, presidente de ala e administrador) começou na extinta Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato.
Ingressou e passou a dedicar-se de corpo e alma à Escola do Bairro de Noel em 1965 e a história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho que passou a seu chamado de o Da Vila. Nunca exerceu a presidência administrativa da escola, mas por vária vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra.
Embora compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria como Maestro Leonardo Bruno o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita, participou do projeto Clássicos do Samba sob a regência do saudoso Maestro Sílvio Barbato.
Além de compositor e cantor, é escritor autor de 10 livros.
Quem não for doente do pé e quiser conhecer mais sobre o mestre: www.martinhodavila.com.br
Ah! vocês não vão pegar a maquininha prá quererem saber quantos anos eu tenho agora, não é mesmo?! Mas voltando ao Martinho, esse disco é maravilhoso, uma obra prima, a começar pela capa.
O disco traz sambas clássicos como CLAUSTROFOBIA, do próprio Martinho da Vila; JOÃO E JOSÉ, de Martinho da Vila e João Nogueira; HISTÓRIA DA LIBERDADE DO BRASIl, um magnífico samba-enredo; PIQUINIQUE, CHORAR NÃO CABE AGORA, em fim, o disco todo é um primor.
Aí fui vendo outros discos, tais como CANTA, CANTA, MINHA GENTE (1974); MARAVILHA DE CENÁRIO (1975); PRESENTE (1977); TENDINHA (1978), TERREIRO, SALA E SALÃO (1978) e muitos outros.
Uma das poucas saudades que eu tenho da infância são as músicas que eu ouvia. Deu no que deu, né?!
Martinho José Ferreira, o nosso Martinho da Vila, tem ginga de carioca mas nasceu no interior do Estado, em Duas Barras. Filho de lavradores, veio para o Rio de Janeiro com 4 anos.
Adulto, trabalhou como Auxiliar de Químico Industrial, como Sargento Burocrata, cursou a Escola de Instrução Especializada, tornando-se escrevente e contador. Em 1970, deu baixa para se tornar cantor profissional. Logo tornou-se um dos mais respeitados artistas brasileiros além de um dos maiores vendedores de disco no Brasil.
Sua vida de sambista (ritmista, passista, compositor, puxador de samba enredo, presidente de ala e administrador) começou na extinta Escola de Samba Aprendizes da Boca do Mato.
Ingressou e passou a dedicar-se de corpo e alma à Escola do Bairro de Noel em 1965 e a história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho que passou a seu chamado de o Da Vila. Nunca exerceu a presidência administrativa da escola, mas por vária vezes esteve à frente da agremiação da qual é o Presidente de Honra.
Embora compositor indutivo e cantor sem formação acadêmica, tem uma grande ligação com a música erudita e idealizou, em parceria como Maestro Leonardo Bruno o Concerto Negro, espetáculo sinfônico que enfoca a participação da cultura negra na música erudita, participou do projeto Clássicos do Samba sob a regência do saudoso Maestro Sílvio Barbato.
Além de compositor e cantor, é escritor autor de 10 livros.
Quem não for doente do pé e quiser conhecer mais sobre o mestre: www.martinhodavila.com.br
CADA UM COM SEU CADA UM
Quando pensei em ter um blog, me sugeriram escolher um tema. Pensei, pensei...mas não teria como me limitar a um tema. Também não estou aqui prá levantar bandeira alguma ou ter compromisso com denúncias de qualquer espécie. Escrevo o que gosto e espero que vocês curtam minhas bobagens irrelevantes.
Dito isto, vamos em frente que atrás vem gente.
Dito isto, vamos em frente que atrás vem gente.
sexta-feira, 13 de maio de 2011
MUITA CALMA NESSA HORA
Informo aos meus queridos e parcos leitores que ando muito ocupada, cheia das audiências, dos processos, dos infindáveis textos de sociologia prá serem lidos semanalmente.
Aguardem que em breve teremos novidades.
Beijos.
Aguardem que em breve teremos novidades.
Beijos.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
MALDITAS PALAVRAS

Oh! malditas palavras, que por vezes, dizem mais do que se quer.
Censuradas, sensuais, imorais, amorais, amorosas...
Revelam idéias e nada mais.
Podem ser até afetivas, mas nem sempre efetivas.
Se vierem dos céus têm o poder de SER; se da Terra, apenas de DIZER .
Deus DISSE e tudo se fez, mas não sou Deus, e, apenas amo essas malditas palavras, ingratas, que hoje me tornam réu e me condenam à solidão.
sábado, 16 de abril de 2011
AMOR DE VERDADE
Dizem que todo mangueirense é fanático. Eu concordo. Mangueirense é igual à Flamenguista: se acham. Na verdade, mangueirense não é torcida, é nação.
O ano era 1998, a Mangueira ganhou carnaval com uma linda homenagem a Chico Buarque. Nesse carnaval, fomos a tooodos os ensaios. Todo sábado estávamos lá. Desde o lançamento dos mais de 80 sambas em junho de 97 até o desfile das campeãs em fevereiro de 98!
Já tínhamos nossa mesinha fiel e nosso garçom super gente boa. Chegávamos, ele colocava o primeiro de muitos baldes, cheinhos de Skol, falávamos com todo mundo e todo mundo falava conosco, era uma troca de gentileza que demonstrava muito bem o espírito de corpo de uma verdadeira escola de samba. A bateria era a grande estrela da noite, anunciada pela grande e saudoso "Beto Fim de Noite".
Tocavam os sambas antigos até os atuais. Era um passeio musical pela estória da Mangueira. E o povo cantava, orgulhoso como todo bom mangueirense.
Nesse ano já havia no ar um certo pressentimento em relação ao campeonato da Mangueira, era o samba mais tocado nas rádios e nas quadras, o carisma do Chico Buarque, em fim, tudo estava a nosso favor.
Agora, mais fanático que mangueirense, só passista mangueirense. Já havia avisado: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra comemorar.
Chamei um casal de amigos lá prá casa prá assistirmos a apuração. Ele era passista, ela ficava passista de vez em quando. Ele, mangueirense, ela, portelense. Ambos desfilavam pela Portela, onde eu também desfilava, pq naquela época, a Portela sempre desfilava no Domingo e a Mangueira na segunda.
Eles tinham dois filhos pequenos: Gabriel e Gustavo.
Quando eles chegaram, já fui logo avisando: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra.
Abre um envolope, 10; abre outro envolope, 10, muito grito, muitos fogos, quando restavam apenas samba enredo, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, falei:
- Nesses quesitos não tem prá ninguém, ganhamos o carnaval!!! Bora todo mundo prá Mangueira. Aí minha comadre diz:
- Meu Deus, cadê a meia do Gabriel? E a chupeta do Gustavo?
A alegria e a pressa de chegar era tão grande que deixei todo mundo prá trás, peguei um ônibus e me mandei prá quadra. Chegando lá encontrei meu Presidente Elmo, nos abraçamos, choramos, nos enrolamos na bandeira... Coisa mesmo de mangueirense.
Depois de mais de uma hora chega meu marido, meus compadres e as crianças. Todo mundo de meinha e chupeta.
Lá pelas tantas, só alegria, fomos prá de baixo do viaduto, na barraca da Cida, e aí chegou um amigo mineiro, portelense, com sua trupe - um pessoal meio empata que andava com ele de vez em quando.
Nesse ano, Nilópolis foi vice. E no auge da nossa alegria, a amiga do amigo solta essa:
- A Mangueira roubou esse carnaval. Quem tinha que ter ganhado era a Beija Flor.
O bicho pegou.
- Como é que é?! Tú vem prá Mangueira, em baixo do viaduto, na barraca da Cida, reduto de mangueirense, esculachar com a minha escola. Ah, não!
Aí foi um pega prá capar. Como diria Preta Gil: foi babado, confusão e gritaria.
Nunca mais apareceu. Foi catar coquinho em Nilópolis
O ano era 1998, a Mangueira ganhou carnaval com uma linda homenagem a Chico Buarque. Nesse carnaval, fomos a tooodos os ensaios. Todo sábado estávamos lá. Desde o lançamento dos mais de 80 sambas em junho de 97 até o desfile das campeãs em fevereiro de 98!
Já tínhamos nossa mesinha fiel e nosso garçom super gente boa. Chegávamos, ele colocava o primeiro de muitos baldes, cheinhos de Skol, falávamos com todo mundo e todo mundo falava conosco, era uma troca de gentileza que demonstrava muito bem o espírito de corpo de uma verdadeira escola de samba. A bateria era a grande estrela da noite, anunciada pela grande e saudoso "Beto Fim de Noite".
Tocavam os sambas antigos até os atuais. Era um passeio musical pela estória da Mangueira. E o povo cantava, orgulhoso como todo bom mangueirense.
Nesse ano já havia no ar um certo pressentimento em relação ao campeonato da Mangueira, era o samba mais tocado nas rádios e nas quadras, o carisma do Chico Buarque, em fim, tudo estava a nosso favor.
Agora, mais fanático que mangueirense, só passista mangueirense. Já havia avisado: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra comemorar.
Chamei um casal de amigos lá prá casa prá assistirmos a apuração. Ele era passista, ela ficava passista de vez em quando. Ele, mangueirense, ela, portelense. Ambos desfilavam pela Portela, onde eu também desfilava, pq naquela época, a Portela sempre desfilava no Domingo e a Mangueira na segunda.
Eles tinham dois filhos pequenos: Gabriel e Gustavo.
Quando eles chegaram, já fui logo avisando: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra.
Abre um envolope, 10; abre outro envolope, 10, muito grito, muitos fogos, quando restavam apenas samba enredo, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, falei:
- Nesses quesitos não tem prá ninguém, ganhamos o carnaval!!! Bora todo mundo prá Mangueira. Aí minha comadre diz:
- Meu Deus, cadê a meia do Gabriel? E a chupeta do Gustavo?
A alegria e a pressa de chegar era tão grande que deixei todo mundo prá trás, peguei um ônibus e me mandei prá quadra. Chegando lá encontrei meu Presidente Elmo, nos abraçamos, choramos, nos enrolamos na bandeira... Coisa mesmo de mangueirense.
Depois de mais de uma hora chega meu marido, meus compadres e as crianças. Todo mundo de meinha e chupeta.
Lá pelas tantas, só alegria, fomos prá de baixo do viaduto, na barraca da Cida, e aí chegou um amigo mineiro, portelense, com sua trupe - um pessoal meio empata que andava com ele de vez em quando.
Nesse ano, Nilópolis foi vice. E no auge da nossa alegria, a amiga do amigo solta essa:
- A Mangueira roubou esse carnaval. Quem tinha que ter ganhado era a Beija Flor.
O bicho pegou.
- Como é que é?! Tú vem prá Mangueira, em baixo do viaduto, na barraca da Cida, reduto de mangueirense, esculachar com a minha escola. Ah, não!
Aí foi um pega prá capar. Como diria Preta Gil: foi babado, confusão e gritaria.
Nunca mais apareceu. Foi catar coquinho em Nilópolis
EM FIM, A RESERVA E A CADEIRA
O tempo passa e a gente nem percebe. Trinta anos se passaram desde os tempos na escola de especialista, o tempo do “novinho”, do “mais moderno” ficou prá trás.
Agora é se acostumar com a nova pele: a pele civil, a pele sem farda!
Caramba! Como é cruel e estranho a vida sem farda. Aquela que fazia as mulheres suspirarem ...- diga-se de passagem, mais pela farda em si, do que por quem as usava -, aquela segunda pele que nos dava a maior moral.
Claro que agora, prá quem vive nessas terras, farda é passaporte pro além, pq vai que bate de frente com “os caras”?! Eles não querem nem saber se teu negócio é avião, navio; eles mandam bala mesmo.
Com a reserva surgem também planos. Planos de descansar, de beber TOOODAS no domingo, já que no dia seguinte não tem quartel, de arrumar outro emprego só prá matar o tempo (tá bom!), de voltar a estudar - tá cheio de faculdade prá 3ª idade - e até prá entrar numa academia.
Depois de trinta anos de trabalho a barriga já cresceu um pouco, o cabelo já caiu, o corpo perdeu aquele vigor e a mulher já não anda tão feliz. Então é hora de malhar.
O papo era esse. Meu camarada Bernardo Negão, que serviu comigo em Belém do Pará, terra boa (muito boa!!!) falou que eu devia me exercitar, caminhar. Então eu falei que tava até pensando em comprar uma cadeira.
Prá quê!
Primeiro rolou aquele silêncio, certamente, geral pensando que tipo de cadeira seria.
O Negão perguntou:
- De balanço?
Eu respondi:
-Claro que não!
Aí a mulher dele, D. Silvia, começou a rir sem parar. E a minha mulher, que também se chama Silvia, me olhou com desdém e mandou:
-Cadeira? Só se for geriátrica!
Não satisfeita, completou:
-Ou de rodas.
Aí já era sacanagem. Eu, usando cadeira geriátrica ou de rodas! O que que a galera vai pensar???
Nisso, D. Silvia (não a minha, mas a do Negão) já tava chorando de tanto rir. É muito esculacho!!!
Depois de tantas sugestões – cadeira de balanço, geriátrica, de rodas - consegui finalmente dizer qual cadeira eu queria comprar: Uma cadeira de ginástica!!!
Prá terminar, D. Silvia:
- Serginho, a minha sugestão era a melhor de todas: uma cadeira erótica!!!
Valeu, D. Silvia!
Agora é se acostumar com a nova pele: a pele civil, a pele sem farda!
Caramba! Como é cruel e estranho a vida sem farda. Aquela que fazia as mulheres suspirarem ...- diga-se de passagem, mais pela farda em si, do que por quem as usava -, aquela segunda pele que nos dava a maior moral.
Claro que agora, prá quem vive nessas terras, farda é passaporte pro além, pq vai que bate de frente com “os caras”?! Eles não querem nem saber se teu negócio é avião, navio; eles mandam bala mesmo.
Com a reserva surgem também planos. Planos de descansar, de beber TOOODAS no domingo, já que no dia seguinte não tem quartel, de arrumar outro emprego só prá matar o tempo (tá bom!), de voltar a estudar - tá cheio de faculdade prá 3ª idade - e até prá entrar numa academia.
Depois de trinta anos de trabalho a barriga já cresceu um pouco, o cabelo já caiu, o corpo perdeu aquele vigor e a mulher já não anda tão feliz. Então é hora de malhar.
O papo era esse. Meu camarada Bernardo Negão, que serviu comigo em Belém do Pará, terra boa (muito boa!!!) falou que eu devia me exercitar, caminhar. Então eu falei que tava até pensando em comprar uma cadeira.
Prá quê!
Primeiro rolou aquele silêncio, certamente, geral pensando que tipo de cadeira seria.
O Negão perguntou:
- De balanço?
Eu respondi:
-Claro que não!
Aí a mulher dele, D. Silvia, começou a rir sem parar. E a minha mulher, que também se chama Silvia, me olhou com desdém e mandou:
-Cadeira? Só se for geriátrica!
Não satisfeita, completou:
-Ou de rodas.
Aí já era sacanagem. Eu, usando cadeira geriátrica ou de rodas! O que que a galera vai pensar???
Nisso, D. Silvia (não a minha, mas a do Negão) já tava chorando de tanto rir. É muito esculacho!!!
Depois de tantas sugestões – cadeira de balanço, geriátrica, de rodas - consegui finalmente dizer qual cadeira eu queria comprar: Uma cadeira de ginástica!!!
Prá terminar, D. Silvia:
- Serginho, a minha sugestão era a melhor de todas: uma cadeira erótica!!!
Valeu, D. Silvia!
O FURDÚNCIO NO COQUEIRO
Esse coqueiro aqui não é árvore não. É um amigo que já passou dos 70, deu uma repaginada no coração e continua firme e forte, recebendo os amigos nos finais de semana.
Os amigos são na verdade, os amigos, os vizinhos e até os inimigos, se bobear.
O cara era um músico-militar, agora na reserva, gostava da noitada e da boemia. Ossos do ofício. Mas agora tá devagar. Como não pode ir mais pro furdúncio, traz o furdúncio prá sua casa.
Coitada da D. Olívia. Uma santa! Maneja um forno e fogão como ninguém e seu rocambole de camarão é famoso. Ninguém sai de lá sem comer. É lei. E a comida não é qualquer coisa não, é camarão, bacalhau, churrasco de primeira.
Mas o problema não é a comida. O problema é a danada da cachaça.
Cerveja lá é fácil como água. E olha que água não tá tão fácil assim, então vamos corrigir: cerveja lá é mais fácil que água. É só de litrão, a perdição da galera.
Só tem figura! Tem a Luluzinha, que depois de umas e outras, fica com o olho fechadinho, mas ligada em tudo, se derrubar é pênalti.
Tem a Silvinha e seu filho “ai molequinho”. Caracole, o garotinho é a cara do “Ai moleque” do Pânico, ô moleque levado! Tadinho, o moleque fica perdidinho no meio daquele monte de Bob Esponja e aí começa a aprontar.
Tem também a Simony, cujos filhos já mamam Antarctica direto da fonte.
Né brinquedo não! O negócio é sério.
Um dia foi prá lá uns amigos de Guapimirim. Foram fazer uma visita rápida e ficaram uma semana. O casal bebe direitinho, mas ele começou a sentir uma dor de dente daquelas! A dor foi aumentando e o cara só se anestesiando na gelada. Chegou uma hora que não dava mais, o cara tava pirando de tanta dor.
Aí, o Coqueiro teve uma idéia genial:
- Olívia, liga pro parceiro Beto e convida ele prá vir aqui tomar umas com a gente.
Convite feito, convite aceito. Lá fomos nós prá São João de Meriti.
Chegando lá, o pagode rolando, o povo cantando, e num quartinho da casa, um sujeito desesperado de dor de dente.
Aí, o coqueiro, na maior cara de pau, manda essa:
- Gente, olha que coincidência, o amigo que chegou é dentista!
Em minutos apareceu um verdadeiro instrumental cirúrgico: faca de cozinha, palito de dente, agulha de crochê, de costura, algodão e álcool. Tinha até o auxiliar de consultório: o “Ai molequinho”.
Caracole, esse povo é maluco. O Doutor mandou ver, meche daqui, cutuca dali, pega uma pomadinha lá no carro, e num passe de mágica, o cara tava tranquilinho, tranquilinho, cantando pagode e tomando uma cervejinha bem gelada, que ninguém é de ferro!
Os amigos são na verdade, os amigos, os vizinhos e até os inimigos, se bobear.
O cara era um músico-militar, agora na reserva, gostava da noitada e da boemia. Ossos do ofício. Mas agora tá devagar. Como não pode ir mais pro furdúncio, traz o furdúncio prá sua casa.
Coitada da D. Olívia. Uma santa! Maneja um forno e fogão como ninguém e seu rocambole de camarão é famoso. Ninguém sai de lá sem comer. É lei. E a comida não é qualquer coisa não, é camarão, bacalhau, churrasco de primeira.
Mas o problema não é a comida. O problema é a danada da cachaça.
Cerveja lá é fácil como água. E olha que água não tá tão fácil assim, então vamos corrigir: cerveja lá é mais fácil que água. É só de litrão, a perdição da galera.
Só tem figura! Tem a Luluzinha, que depois de umas e outras, fica com o olho fechadinho, mas ligada em tudo, se derrubar é pênalti.
Tem a Silvinha e seu filho “ai molequinho”. Caracole, o garotinho é a cara do “Ai moleque” do Pânico, ô moleque levado! Tadinho, o moleque fica perdidinho no meio daquele monte de Bob Esponja e aí começa a aprontar.
Tem também a Simony, cujos filhos já mamam Antarctica direto da fonte.
Né brinquedo não! O negócio é sério.
Um dia foi prá lá uns amigos de Guapimirim. Foram fazer uma visita rápida e ficaram uma semana. O casal bebe direitinho, mas ele começou a sentir uma dor de dente daquelas! A dor foi aumentando e o cara só se anestesiando na gelada. Chegou uma hora que não dava mais, o cara tava pirando de tanta dor.
Aí, o Coqueiro teve uma idéia genial:
- Olívia, liga pro parceiro Beto e convida ele prá vir aqui tomar umas com a gente.
Convite feito, convite aceito. Lá fomos nós prá São João de Meriti.
Chegando lá, o pagode rolando, o povo cantando, e num quartinho da casa, um sujeito desesperado de dor de dente.
Aí, o coqueiro, na maior cara de pau, manda essa:
- Gente, olha que coincidência, o amigo que chegou é dentista!
Em minutos apareceu um verdadeiro instrumental cirúrgico: faca de cozinha, palito de dente, agulha de crochê, de costura, algodão e álcool. Tinha até o auxiliar de consultório: o “Ai molequinho”.
Caracole, esse povo é maluco. O Doutor mandou ver, meche daqui, cutuca dali, pega uma pomadinha lá no carro, e num passe de mágica, o cara tava tranquilinho, tranquilinho, cantando pagode e tomando uma cervejinha bem gelada, que ninguém é de ferro!
CRÔNICA OU CONTO???
Abusada demais, resolvi compartilhar com meus amiguinhos umas besterinhas prá fazer rir. Começo agora a publicar aqui no blog uns contos/crônicas.
Espero que gostem.
Espero que gostem.
FIM DOS TEMPOS
Um cara entra numa escola pública, atira contra vários adolescentes, aleatoriamente, e depois comete suicídio. Mata 12 e fere outros tantos. Diz que foi vítima de bullying quando estudante desta mesma escola, no passado.
O mundo está cheio das novidades. Esse tipo de crime é uma novidade no Brasil. O bullying, embora sempre tenha exisitido, foi alçado pela mídia como um fenômeno novo.
Como diria Giddens, consequências da modernidade.
O mundo está cheio das novidades. Esse tipo de crime é uma novidade no Brasil. O bullying, embora sempre tenha exisitido, foi alçado pela mídia como um fenômeno novo.
Como diria Giddens, consequências da modernidade.
segunda-feira, 28 de março de 2011
OBAMA NO BRASIL
O Brasil é simpático ao Presidente Barack Obama e a recíproca se mostrou bem verdadeira.
Obama tem um jeito brasileiro de ser, e ao visitar-nos, demonstra a importância do Brasil no cenário internacional. Após algumas "saias justas" no final do mandato do Presidente Lula, por conta da crise de Honduras e o incidente da votação das sanções contra o Irã, é hora de dissipar os "mal entendidos" para que ambos os países possam sentar-se à mesa de negociação.
Obama tem um jeito brasileiro de ser, e ao visitar-nos, demonstra a importância do Brasil no cenário internacional. Após algumas "saias justas" no final do mandato do Presidente Lula, por conta da crise de Honduras e o incidente da votação das sanções contra o Irã, é hora de dissipar os "mal entendidos" para que ambos os países possam sentar-se à mesa de negociação.
domingo, 27 de março de 2011
CARNAVAL 2011
Cançada, acabei não escrevendo a tempo sobre o desfile das escolas de samba deste ano. Agora, já com propaganda de Páscoa, Dia das Mães e Festa Junina, falar de carnaval fica meio sem sentido.
Então, brevemente, vou dizer o que todos já sabem: A Beija Flor é suspeita com suas notas 10, mas emocionou o público com O Rei Roberto Carlos que é nota 1000!. A Tijuca de Paulo Barros está mais prá Hollywood que prá carnaval. Imperatriz, com seu samba maravilhsoso, e Mocidade, fizeram um lindo desfile.
Das escolas que não concorreram, a Ilha fez um desfile digno de aplusos. Alegre como sempre, forte e bonita.
Portela, brigou, brigou, mas o incendio acabou sendo providencial. Estava morna e sem vida.
A Grande Rio foi simplesmente, cançativa.
Mas a Mangueira... deu um show na avenida!!! Parabéns à Mangueira, parabéns aos mangueirenses e parabéns a Bateria.
A nação verde e rosa está orgulhosa. Ano que vem tem mais.
Só prá adiantar: quem se lembra de um samba gravado por Beth Carvalho que diz assim: "SOU CACIQUE E SOU MANGUEIRA, DEIXA FALAR QUEM QUISER..."???
É MANGUEIRA 2012.
Então, brevemente, vou dizer o que todos já sabem: A Beija Flor é suspeita com suas notas 10, mas emocionou o público com O Rei Roberto Carlos que é nota 1000!. A Tijuca de Paulo Barros está mais prá Hollywood que prá carnaval. Imperatriz, com seu samba maravilhsoso, e Mocidade, fizeram um lindo desfile.
Das escolas que não concorreram, a Ilha fez um desfile digno de aplusos. Alegre como sempre, forte e bonita.
Portela, brigou, brigou, mas o incendio acabou sendo providencial. Estava morna e sem vida.
A Grande Rio foi simplesmente, cançativa.
Mas a Mangueira... deu um show na avenida!!! Parabéns à Mangueira, parabéns aos mangueirenses e parabéns a Bateria.
A nação verde e rosa está orgulhosa. Ano que vem tem mais.
Só prá adiantar: quem se lembra de um samba gravado por Beth Carvalho que diz assim: "SOU CACIQUE E SOU MANGUEIRA, DEIXA FALAR QUEM QUISER..."???
É MANGUEIRA 2012.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
QUEM NÃO GOSTA DE SAMBA, BOM SUJEITO NÃO É...
Uma amiga queridíssima se revelou muito chateada com o trânsito no Centro do Rio, culpa do Cordão do Bola Preta que tomou toda a Av. Rio Branco, ontem á noite, no final do expediente, há mais de uma semana do calendário oficial do carnaval!
Atônita, não sabia onde estavam passando os ônibus.
"Quem não chora, não mama, segura meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama, ou então no Bola Preta"
Como diria D. Dulcinéia, mais conhecida como Pérola: "Vai vendo".
Atônita, não sabia onde estavam passando os ônibus.
"Quem não chora, não mama, segura meu bem, a chupeta. Lugar quente é na cama, ou então no Bola Preta"
Como diria D. Dulcinéia, mais conhecida como Pérola: "Vai vendo".
PASSISTA MASCULINO - A MALANDRAGEM DO SAMBA
O samba, assim como outras danças folclóricas, têm boa aceitação entre os homens. Despido de preconceitos, atraiu muitos homens em seus variados estilos: de roda, partido alto, miudinho, etc.
Quero falar de alguns passistas que conheci e vi sambar.
Gente, o Xangô mandava muito bem, Delegado, Gargalhada, Indio e Romero (atualmente ensinando samba aos Londrinos) todos da Mangueira; Vitamina, Carlinhos e Fabio do Salgueiro; Jerônimo, Célio, Sérginho, Tôco, Baiano, todos da Portela (na época); Fábio Fuly, Anderson da Porto da Pedra, Edsom e Cássio da Beija Flor, Daniel da Grande Rio ... e tantos outros maravilhosos cujas performances jamais esquecerei.
A Portela, assim como a Mangueira, sempre foi uma escola com uma ala de passistas de respeito. Conheci o Célio na década de 90 e fiquei maravilhada com o samba do cara. Magrinho, quicava na quadra. Samba no pé todo justinho com alguns deslizes malandreados que deixava o povo enebriado. Nesta época, ainda se abriam muitas rodas de passistas no meio da quadra, e entrava muita gente boa: Marcelo Rocha, Marcelo Branco, Marcelo da Light, Baby Baiano (Baiano Sapucai) Jerônimo, ....
Na Mangueira, eles sambavam um pouco diferente, um samba mais agachado, que vai no chão e sobe um pouco, mas o cara não fica esticado, ele fica meio "angola", meio capoeira rasteira. O Indio, Celso e Russo são bons exemplos dessa incorporação de samba.
O Vitamina fazia um samba muito teatral, assim como Fábio Fuly, que brinca, que contava uma estória, incorpora gestos de uma cena criada na mente dele, e representava sambando, aliás, já vi outros caras fazerem isso no Salgueiro.
Gosto tanto dessa forma, que conheci um ritimista, excelente passista, na Grande Rio, chamado Léo, que tem na sua forma de sambar essa coisa da comunicação gestual e batemos essa bola juntos, e o povo aplaude. Nesse samba vc não se exibe sozinho, vc tem uma cena a ser desenvolvida com o outro. Sendo um casal pode ser uma cena que simula um galanteio, ou em que o homem quer a mulher e ela o rejeita, em fim, vai da imaginação.
No salgueiro, já vi uns passistas criarem cenas engraçadas, em que um tenta fazer o outro cair, um corre atrás do outro para dar uma rasteira, etc.
Atualmente os passistas não têm mais muita identidade em relação à Escola. Hoje estão aqui, amanhã, ali. É uma questão de oportunidade. Os mais velho são fiéis. Então, o Célio, que é mangueirense, mas antes desfilava pela Poertela e pela Imperatriz, hoje está muito feliz em Mangueira. O Baiano, que ganhou estandarte de ouro pela Viradouro, hoje está na Vila.
A originalidade anda meio escassa, mas garimpando, ainda se acha talentos como o de Daniel Zarmano na Grande Rio. É bonito de se ver.
Hoje diz-se que o samba masculino está muito semelhante ao dançado pelas mulheres e se atribui essa mudança ao grande número de homossexuais que integram as alas. É o que dizem por aí.
As mulheres, por sua vez estão mais prá "rebolation" do que prá samba. Mas das mulheres já comentei demais.
"[...] Mas o fato é que o passista, mesmo ele não desfilando, mesmo num canto do ensaio de escola de samba, desenvolve coisas que você tem vontade de aplaudir dez vezes, mesmo que o povo não esteja vendo. Passista é uma condição natural, de um cara que nasceu para isso e que faz coisas maravilhosas e não conta para o júri." (Fernando Pamplona)
Quero falar de alguns passistas que conheci e vi sambar.
Gente, o Xangô mandava muito bem, Delegado, Gargalhada, Indio e Romero (atualmente ensinando samba aos Londrinos) todos da Mangueira; Vitamina, Carlinhos e Fabio do Salgueiro; Jerônimo, Célio, Sérginho, Tôco, Baiano, todos da Portela (na época); Fábio Fuly, Anderson da Porto da Pedra, Edsom e Cássio da Beija Flor, Daniel da Grande Rio ... e tantos outros maravilhosos cujas performances jamais esquecerei.
A Portela, assim como a Mangueira, sempre foi uma escola com uma ala de passistas de respeito. Conheci o Célio na década de 90 e fiquei maravilhada com o samba do cara. Magrinho, quicava na quadra. Samba no pé todo justinho com alguns deslizes malandreados que deixava o povo enebriado. Nesta época, ainda se abriam muitas rodas de passistas no meio da quadra, e entrava muita gente boa: Marcelo Rocha, Marcelo Branco, Marcelo da Light, Baby Baiano (Baiano Sapucai) Jerônimo, ....
Na Mangueira, eles sambavam um pouco diferente, um samba mais agachado, que vai no chão e sobe um pouco, mas o cara não fica esticado, ele fica meio "angola", meio capoeira rasteira. O Indio, Celso e Russo são bons exemplos dessa incorporação de samba.
O Vitamina fazia um samba muito teatral, assim como Fábio Fuly, que brinca, que contava uma estória, incorpora gestos de uma cena criada na mente dele, e representava sambando, aliás, já vi outros caras fazerem isso no Salgueiro.
Gosto tanto dessa forma, que conheci um ritimista, excelente passista, na Grande Rio, chamado Léo, que tem na sua forma de sambar essa coisa da comunicação gestual e batemos essa bola juntos, e o povo aplaude. Nesse samba vc não se exibe sozinho, vc tem uma cena a ser desenvolvida com o outro. Sendo um casal pode ser uma cena que simula um galanteio, ou em que o homem quer a mulher e ela o rejeita, em fim, vai da imaginação.
No salgueiro, já vi uns passistas criarem cenas engraçadas, em que um tenta fazer o outro cair, um corre atrás do outro para dar uma rasteira, etc.
Atualmente os passistas não têm mais muita identidade em relação à Escola. Hoje estão aqui, amanhã, ali. É uma questão de oportunidade. Os mais velho são fiéis. Então, o Célio, que é mangueirense, mas antes desfilava pela Poertela e pela Imperatriz, hoje está muito feliz em Mangueira. O Baiano, que ganhou estandarte de ouro pela Viradouro, hoje está na Vila.
A originalidade anda meio escassa, mas garimpando, ainda se acha talentos como o de Daniel Zarmano na Grande Rio. É bonito de se ver.
Hoje diz-se que o samba masculino está muito semelhante ao dançado pelas mulheres e se atribui essa mudança ao grande número de homossexuais que integram as alas. É o que dizem por aí.
As mulheres, por sua vez estão mais prá "rebolation" do que prá samba. Mas das mulheres já comentei demais.
"[...] Mas o fato é que o passista, mesmo ele não desfilando, mesmo num canto do ensaio de escola de samba, desenvolve coisas que você tem vontade de aplaudir dez vezes, mesmo que o povo não esteja vendo. Passista é uma condição natural, de um cara que nasceu para isso e que faz coisas maravilhosas e não conta para o júri." (Fernando Pamplona)
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
UM DIA PRÁ FICAR NA ESTÓRIA DA GRANDE RIO

Ontem aconteceu o primeiro ensaio técnico após o incêncio que consumiu o barracão da Grande Rio. Tentarei traduzir em palavras um dos momentos mais emocionantes que já vivi no carnaval, e quem diria, na GRES Acadêmicos do Grande Rio.
Ao chegarmos nos arredores da escola, buscando um lugar prá estacionar, os guardadores comentavam: "Hoje tá difícil, todo mundo resolveu vir prá Grande Rio"
Muita gente chegando a pé, de ônibus, de carro; dentro da quadra igualmente cheio, e no ar, uma energia estranha, contida, como se as pessoas estivessem curiosas umas com as outras e ao mesmo tempo, como se todas soubessem porquê estavam ali.
Não seria mais um ensaio. Seria "O ENSAIO".
Lá pelas 21h o mestre Ciça convoca seus ritmistas e começa o "esquenta" da bateria. A "INVOCADA" tava justinha, sequinha e contagiante, o que é próprio do samba, e passado uns 15 min, as pessoas começaram a cantar o refrão do samba:
"Caldeirão vai ferver, a Grande Rio chegou, vem trazer prá vc uma poção de amor, é a receita que a bruxinha ensinou"
O volume das vozes, juntas, uníssonas, foi crescendo de uma forma tão fantástica que logo, lágrimas começaram a rolar no rosto dos componentes, e dos que assisitiam, e dos dirigentes, e todos se voltaram prá ver a mais linda declaração de amor que uma escola de samba pode receber de seu povo. Eram braços erguidos, numa coreografia que demonstrava claramente que a comunidade estava pronta prá enfrentar o momento difícil que sobre ela se abateu.
Acho que a última vez que vivi um momento assim, no carnaval, foi em 98, no dia da apuração, quando a Mangueira sagrou-se campeã, homenageando Chico Buarque.
Acho, sinceramente, que a comunidade de Caxias "deu um tapa com luva de pelica" em todo o "regimento" da Escola. Os componentes, na quadra, muitos com suas bolsas penduradas no ombro, pq saem do trabalho e vão direto pro ensaio, mostraram o que é e quem faz o carnaval de verdade.
Minha Mangueira já cantou: "É sangue, é suor, religião..." O samba é coisa séria e não é prá qualquer um.
Aposto que a Grande Rio jamais viu uma manifestação tão linda como aquela dada por cada componente. Deveria aproveitar e repensar a quem tem valorizado.
Já disse e volto a repetir: A Grande Rio não sabe a força que tem.
Não sabia, agora sabe.
ESQUENTA - momentos em que a bateria toca livremente, sem que nenhum samba esteja sendo cantado. O momento inicial do ensaio.
INVOCADA - apelido que se deu á bateria da Grande Rio. Outras escolas também têm seus apelidos: Portela (Tabajara do Samba, Mangueira (Surdo Um), Salgueiro (Furiosa), etc.
REGIMENTO - expressão usada por um dos dirigentes da escola referindo-se ao Presidente de Honra.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
INCÊNDIO NA CIDADE DO SAMBA

TRISTEZA NA GRANDE RIO
Confesso e reconheço que vivo marretando a Grande Rio pelas razões que todos já sabem, mas hoje, me solidarizo com toda a escola, e lamento, sinceramente, pelo incêndio que destruiu tudo que havia no barracão.
Por estar lá toda semana, gostaria também de estar agora e poder ajudar de alguma forma. Tive pena do Presidente Helinho, que ontem estava tão feliz no ensaio de rua na Av. Brigadeiro Lima e Silva; pelo mestre Ciça, que tem trabalhado com a maior seriedade e dedicação; por todo o Departamento Musical, liderado pelo Wantuir, todos ontem tão empolgados; pelo povo de maneira geral, que cantou, dançou e aplaudiu a Grande Rio.
Acho que foi o mais grave e mais danoso incêndio já ocorrido num barracão de escola de samba.
Afetadas também foram União da Ilha e Portela, mas para a Grande Rio a perda foi total. Parece impossível reconstruir um carnaval em 20 dias. Já se fala em um desfile simbólico, sem fantasias ou alegorias, apenas a bateria e os componentes, com camisetas da escola.
A Grande Rio tinha esperanças de ganhar o carnaval. Mas agora, talvez nem haja competição, o que será decidido mais tarde, numa reunião com todos os membros da LIESA.
Em meio a uma tragédia, o mais sábio que se pode fazer, é tentar extrair algo de bom, de positivo.
UNIÃO DA ILHA
A União da Ilha da Governador, foi na verdade, a primeira escola de samba onde desfilei, com uma fantasia de baianinha, num enredo que homenageava João Cândido Felisberto, o Mestre Sala dos Mares,(Um herói, uma canção, um enredo: A noite do Navegante Negro, 1985) já antes cantado por Elis Regina.
Foi um negócio meio de última hora, e o próprio carnaval estava atrasado, pois horas antes do desfile, estávamos num barracão – não de escola de samba, mas de candomblé -apanhando oferendas que iriam, discretamente, nos cantinhos dos carros alegóricos. Na bateria Mestre Paulão; na Harmonia, Paulinho e Nivaldo.
Bem, a Ilha era famosa por sua alegria, descontração e improviso, incabível na concepção atual de carnaval; acabou descendo e este ano, depois de amargar alguns anos no grupo de acesso, volta ao especial, mas infelizmente, afetada seriamente pelo incêndio na Cidade do Samba.
PORTELA
A Portela foi, das três escolas, a menos afetada pelas chamas na Cidade do Samba. Nervoso, o Presidente Nilo queria entrar a todo custo no barracão que ainda queimava. Foi contido a muito custo pela PM e pelo Corpo de Bombeiros.
Conseguiram recuperar todos os carros alegóricos, mas perderam fantasias de algumas alas da comunidade.
A Portela não é menina, senhora experiente, certamente saberá se safar com criatividade e empenho dos seus apaixonados componentes.
Avante Portelenses!
sábado, 22 de janeiro de 2011
RENATO SORRISO E O MARKETING PESSOAL
O ensaio na Grande Rio ontem estava... redondo. Calorão do jeito que a gente gosta, quadra "cheia agradável" - sim , pq tem várias categorias de "cheio" - tem o cheio insuportável (Mangueira, Salgueiro e Bola Preta) e cheio agradável (Portela e Mão de Lata), a bateria 1000!, em fim, tudo bacana.
Lá estava Renato Sorriso, aquele gari que se tornou famoso por dar um show de "samba no pé" na avenida ao final de cada desfile. Em 2010 foi até homenageado no samba enredo da Grande Rio. O cara é um grande passista: samba bonito, floreado de improvisos, ágil, simpático e ... muito popular.
Pensava sobre a questão da popularidade e o marketing pessoal. Hoje o pensamento predominante é de que toda ação deve ser um investimento, que tudo deve ter um resultado proveitoso materialmente, até o que se faz por puro prazer. Mas será que isso corre em todos os meios, em todos os grupos?
Alcione, a Marrom, entre os anos 80/90 era facilmente encontrada em Mangueira a qualquer hora do dia, principalmente nas segundas-feiras, quando aconteciam os ensaios da Mangueira do Amanhã. Alcione é uma diva do samba, cantar é o seu ofício e ganha pão. Depende da venda de CDS e da presença das pessoas em seu shows. Dizem que coincidentemente, nesta época, verificou-se um certo declínio em sua carreira e a Marrom foi aconselhada a afastar-se um pouco daquelas atividades e a diminuir sua exposição.
Os artista são cercados de um certo mistério, quando raramente são vistos, despertam a curiosidade das pessoas que, por desejarem vê-los, pagam ingressos para suas apresentações. Assim, se público e artista estão sempre em contato nas atividades diárias, perde-se um pouco do glamour.
Meu amigo Alexandre Handerson, apresentador do Globo Ciência, há muito identificou esse fenômeno, ainda quando frequentávamos Portela: queremos o que não temos. Dizia ele que "figurinha fácil" não se estabelece. Ele estava certo: matou a cobra e mostrou o pau. Tá mandando super bem no seu programa, com seu valor finalmente reconhecido.
Dependendo do que se pretende, é necessário tal estratégia. Renato Sorriso virou uma "celebridade" do carnaval e se quisesse, poderia prolongar seus 15 min de fama, entretanto, prefere ficar no meio do povão à usufruir do conforto impessoal do camarotes. Chega desacompanhado, o que não é comum quando alguem se torna famoso, lidera as rodas de passistas no meio da quadra e só vai embora no "boa noite" do locutor. Depois é facilmente encontrado tomando a "saideira" do lado de fora.
Esse comportamento o tornou um "comum", mais um passista suado sambando no meio da quadra. Obviamente que estou numa abordagem sob a ótica dos que detêm o poder, porque, para os apaixonados pelo samba, um passista suado no meio da quadra tem muito valor.
Talvez ele não pretenda profissionalizar seu prazer. Já revelou-se, numa entrevista, orgulhoso de ser um destaque na sua profissão de gari.
O que faz muita gente boa embarcar nessa canoa furada é a inversão dos valores na qual vivemos atualmente, onde no samba, prestigiados são as celebridades e o sambista, esculachado.
Então, parabéns ao Renato Sorriso pela coragem de ser diferente.
Lá estava Renato Sorriso, aquele gari que se tornou famoso por dar um show de "samba no pé" na avenida ao final de cada desfile. Em 2010 foi até homenageado no samba enredo da Grande Rio. O cara é um grande passista: samba bonito, floreado de improvisos, ágil, simpático e ... muito popular.
Pensava sobre a questão da popularidade e o marketing pessoal. Hoje o pensamento predominante é de que toda ação deve ser um investimento, que tudo deve ter um resultado proveitoso materialmente, até o que se faz por puro prazer. Mas será que isso corre em todos os meios, em todos os grupos?
Alcione, a Marrom, entre os anos 80/90 era facilmente encontrada em Mangueira a qualquer hora do dia, principalmente nas segundas-feiras, quando aconteciam os ensaios da Mangueira do Amanhã. Alcione é uma diva do samba, cantar é o seu ofício e ganha pão. Depende da venda de CDS e da presença das pessoas em seu shows. Dizem que coincidentemente, nesta época, verificou-se um certo declínio em sua carreira e a Marrom foi aconselhada a afastar-se um pouco daquelas atividades e a diminuir sua exposição.
Os artista são cercados de um certo mistério, quando raramente são vistos, despertam a curiosidade das pessoas que, por desejarem vê-los, pagam ingressos para suas apresentações. Assim, se público e artista estão sempre em contato nas atividades diárias, perde-se um pouco do glamour.
Meu amigo Alexandre Handerson, apresentador do Globo Ciência, há muito identificou esse fenômeno, ainda quando frequentávamos Portela: queremos o que não temos. Dizia ele que "figurinha fácil" não se estabelece. Ele estava certo: matou a cobra e mostrou o pau. Tá mandando super bem no seu programa, com seu valor finalmente reconhecido.
Dependendo do que se pretende, é necessário tal estratégia. Renato Sorriso virou uma "celebridade" do carnaval e se quisesse, poderia prolongar seus 15 min de fama, entretanto, prefere ficar no meio do povão à usufruir do conforto impessoal do camarotes. Chega desacompanhado, o que não é comum quando alguem se torna famoso, lidera as rodas de passistas no meio da quadra e só vai embora no "boa noite" do locutor. Depois é facilmente encontrado tomando a "saideira" do lado de fora.
Esse comportamento o tornou um "comum", mais um passista suado sambando no meio da quadra. Obviamente que estou numa abordagem sob a ótica dos que detêm o poder, porque, para os apaixonados pelo samba, um passista suado no meio da quadra tem muito valor.
Talvez ele não pretenda profissionalizar seu prazer. Já revelou-se, numa entrevista, orgulhoso de ser um destaque na sua profissão de gari.
O que faz muita gente boa embarcar nessa canoa furada é a inversão dos valores na qual vivemos atualmente, onde no samba, prestigiados são as celebridades e o sambista, esculachado.
Então, parabéns ao Renato Sorriso pela coragem de ser diferente.
domingo, 16 de janeiro de 2011
MULHERES, SAMBA E PROSTITUIÇÃO
Prometi que este ano daria um tempo de falar de carnaval. Não porque não goste, muito pelo contrário, mas olhei em volta e vi que outros apaixonados e doutores no assunto, mestres, bambas, sucumbiram.
O tema tornou-se obsoleto, a discussão, infrutífera. Já deu. Já foi.
Mas não resisti e hoje volto a falar sobre a condição das mulheres nas escolas de samba, mais especificamente, na ala de passistas.
Está prá ser lançado um documentário intitulado "Mulatas: um tufão nos quadris" direção de Walmor Pamplona e roteiro de Aydano Motta que entrevista 13 passistas de destaque no samba carioca. Em seus depoimentos todas falam de solidão e preconceitos, pois muitas vezes são confundidas com prostitutas.
Chegamos na questão central que me fez voltar a este assunto, perturbador e constrangedor: é uníssono que a dança do samba é sensual e erótica. A dança. Mas é arte. Assim como a dança do ventre, o tango, etc.
Eu, particularmente, não destacaria esta característica como principal, mas tudo bem. Pode se dançar individualmente ou aos pares, o que lhe dá um alcance teatral, onde o casal simula um "cortejo" através dos movimentos.
Mas se tudo é tão "artístico" o que estigmatiza tanto as passistas?
Estive na Grande Rio e presenciei uma "escolha de passistas".
Aproximadamente 10 jovens se apresentaram, num primeiro momento com "roupas" mínimas, tops e saias de babadinhos "dando pinta" de calcinha. Todas sambavam, a diferença era mais no tipo físico do que no samba em si, que tem se homogeinizado no que tange as apresentações. Praticamente não se vê criatividade nos passos, não há, principamente entre as mulheres, um estilo próprio.
Já houve, e nesse quesito não posso deixar de falar das "rodas de passistas" que se formavam na quadra da Portela. Quem viu, viu. Quem não viu...
Aí anunciaram que haveria uma segunda apresentação, agora de biquini. Biquini de passista é na verdade, uma fantasia, uma linda fantasia, com paetês, plunas, cabeça, tornozeleiras e braceletes, colares, etc. Mas eis que surgem as meninas, enfileiradas, com um biquini de lycra enfiado na bunda. Já era madrugada, a exibição era num palco onde fica a bateria, composta em sua maioria por homens. Pude ver uma bem novinha que colocava as mãos cruzadas prá trás, tentando tapar um pouco do tudo que ela mesma permitiu-se exibir.
Lembrei-me das escolhas de Rainha e Princesas de bateria de Mangueira antes da minha querida escola se rendar às celebridades: as passistas primeiro dançavam com uma roupa simples, podia ser short, bermuda, vestido, qualquer coisa. Depois, acreditem-, vinham com um vestido longo, de festa. Vinham lindas, elegantes, maquiadas, com os cabelos arrumados, umas pelas outras.
E sambavam, sambavam muito e bonito. Biquinis, só nos shows ou no desfile.
É complicado acusar a escola por tamanha exposição e desvalorização da mulher se a própria mulher não se insurge contra tal situação e ás vezes até gosta, compactuando, feliz da vida, com sua própria coisificação.
Paradoxalmente, praticamente todas as agremiações possuem suas escolas de samba mirim. Mas o que estão ensinando às meninas passistas sobre o papel da mulher na escola de samba?
Por que uma mulher precisa estar quase nua para mostrar que sabe sambar?
Desrespeito e banalização de uma manifestação tão bonita como o samba dançado, eu repudio.
Esta nostálgica senhora que vos escreve foi passista da Portela e da Mangueira nos anos 90.
O tema tornou-se obsoleto, a discussão, infrutífera. Já deu. Já foi.
Mas não resisti e hoje volto a falar sobre a condição das mulheres nas escolas de samba, mais especificamente, na ala de passistas.
Está prá ser lançado um documentário intitulado "Mulatas: um tufão nos quadris" direção de Walmor Pamplona e roteiro de Aydano Motta que entrevista 13 passistas de destaque no samba carioca. Em seus depoimentos todas falam de solidão e preconceitos, pois muitas vezes são confundidas com prostitutas.
Chegamos na questão central que me fez voltar a este assunto, perturbador e constrangedor: é uníssono que a dança do samba é sensual e erótica. A dança. Mas é arte. Assim como a dança do ventre, o tango, etc.
Eu, particularmente, não destacaria esta característica como principal, mas tudo bem. Pode se dançar individualmente ou aos pares, o que lhe dá um alcance teatral, onde o casal simula um "cortejo" através dos movimentos.
Mas se tudo é tão "artístico" o que estigmatiza tanto as passistas?
Estive na Grande Rio e presenciei uma "escolha de passistas".
Aproximadamente 10 jovens se apresentaram, num primeiro momento com "roupas" mínimas, tops e saias de babadinhos "dando pinta" de calcinha. Todas sambavam, a diferença era mais no tipo físico do que no samba em si, que tem se homogeinizado no que tange as apresentações. Praticamente não se vê criatividade nos passos, não há, principamente entre as mulheres, um estilo próprio.
Já houve, e nesse quesito não posso deixar de falar das "rodas de passistas" que se formavam na quadra da Portela. Quem viu, viu. Quem não viu...
Aí anunciaram que haveria uma segunda apresentação, agora de biquini. Biquini de passista é na verdade, uma fantasia, uma linda fantasia, com paetês, plunas, cabeça, tornozeleiras e braceletes, colares, etc. Mas eis que surgem as meninas, enfileiradas, com um biquini de lycra enfiado na bunda. Já era madrugada, a exibição era num palco onde fica a bateria, composta em sua maioria por homens. Pude ver uma bem novinha que colocava as mãos cruzadas prá trás, tentando tapar um pouco do tudo que ela mesma permitiu-se exibir.
Lembrei-me das escolhas de Rainha e Princesas de bateria de Mangueira antes da minha querida escola se rendar às celebridades: as passistas primeiro dançavam com uma roupa simples, podia ser short, bermuda, vestido, qualquer coisa. Depois, acreditem-, vinham com um vestido longo, de festa. Vinham lindas, elegantes, maquiadas, com os cabelos arrumados, umas pelas outras.
E sambavam, sambavam muito e bonito. Biquinis, só nos shows ou no desfile.
É complicado acusar a escola por tamanha exposição e desvalorização da mulher se a própria mulher não se insurge contra tal situação e ás vezes até gosta, compactuando, feliz da vida, com sua própria coisificação.
Paradoxalmente, praticamente todas as agremiações possuem suas escolas de samba mirim. Mas o que estão ensinando às meninas passistas sobre o papel da mulher na escola de samba?
Por que uma mulher precisa estar quase nua para mostrar que sabe sambar?
Desrespeito e banalização de uma manifestação tão bonita como o samba dançado, eu repudio.
Esta nostálgica senhora que vos escreve foi passista da Portela e da Mangueira nos anos 90.
TRÁFICO DE ÓRGÃOS: resquícios de uma guerra

O Le Mond deste mês traz uma matéria da maior importância no sentido de alertar a comunidade internacional sobre o tráfico de órgãos, crime bárbaro, oportunista e quase invisível para o Direito e para as autoridades.
A matéria escrita pelo jornalista francês Jean Arnault Déren, traz á luz o relatório apresentado recentemente no Conselho Europeu sobre a possibilidade dos prisioneiros do Exército de Libertação do Kosovo (UCK) terem sido vítimas de tráfico de órgãos.
Em novembro de 2010, o tema foi o objeto da minha pesquisa que resultou num trabalho intitulado Tráfico de Pessoas: aspectos normalísticos e finalísticos disponível no site da Universidade Cândido Mendes. Neste trabalho abordo, genericamente, as diversas finalidades do tráfico de pessoas, mas revelo aos leitores o desejo de num futuro breve, voltar mais especificamente ao tema tráfico de órgãos ou de partes do corpo.
O requinte da crueldade humana torna o tráfico de órgãos uma prática de "otimização" de uma prévia infelicidade alheia. Se o sujeito é pobre, vender um órgão é um excelente negócio. Se sofreu um acidente, por que não retirar o órgão (ainda que não autorizado) e vendê-lo a quem precisa e pode pagar? Ganha quem compra e ganha quem vende.
Na matéria do Le Mond, o autor do relatório, o Deputado suiço Dick Marty afirma que
centenas de prisioneiros capturados pelo UCK – principalmente sérvios do Kosovo e provavelmente romenos e albaneses acusados de “colaboração” – teriam sido deportados para a Albânia, em 1998 e 1999. Aprisionados em vários pequenos centros de detenção – entre eles a famosa “casa amarela” da pequena cidade de Rripë, perto de Burrel, visitada pelos inspetores do TPIY (Tribunal Penal Internacional da ex-Iugoslávia)–, alguns deles teriam alimentado o tráfico de órgãos. Os prisioneiros eram conduzidos para uma pequena clínica situada em Fushë Kruja, a 15 km do aeroporto internacional de Tirana, assim que alguns clientes demonstravam interesse em receber órgãos. Eles eram, então, abatidos com um tiro na cabeça antes que os órgãos, principalmente, os rins, fossem retirados.
Assim caminha a humanidade.
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