domingo, 16 de janeiro de 2011

TRÁFICO DE ÓRGÃOS: resquícios de uma guerra


O Le Mond deste mês traz uma matéria da maior importância no sentido de alertar a comunidade internacional sobre o tráfico de órgãos, crime bárbaro, oportunista e quase invisível para o Direito e para as autoridades.
A matéria escrita pelo jornalista francês Jean Arnault Déren, traz á luz o relatório apresentado recentemente no Conselho Europeu sobre a possibilidade dos prisioneiros do Exército de Libertação do Kosovo (UCK) terem sido vítimas de tráfico de órgãos.
Em novembro de 2010, o tema foi o objeto da minha pesquisa que resultou num trabalho intitulado Tráfico de Pessoas: aspectos normalísticos e finalísticos disponível no site da Universidade Cândido Mendes. Neste trabalho abordo, genericamente, as diversas finalidades do tráfico de pessoas, mas revelo aos leitores o desejo de num futuro breve, voltar mais especificamente ao tema tráfico de órgãos ou de partes do corpo.
O requinte da crueldade humana torna o tráfico de órgãos uma prática de "otimização" de uma prévia infelicidade alheia. Se o sujeito é pobre, vender um órgão é um excelente negócio. Se sofreu um acidente, por que não retirar o órgão (ainda que não autorizado) e vendê-lo a quem precisa e pode pagar? Ganha quem compra e ganha quem vende.
Na matéria do Le Mond, o autor do relatório, o Deputado suiço Dick Marty afirma que
centenas de prisioneiros capturados pelo UCK – principalmente sérvios do Kosovo e provavelmente romenos e albaneses acusados de “colaboração” – teriam sido deportados para a Albânia, em 1998 e 1999. Aprisionados em vários pequenos centros de detenção – entre eles a famosa “casa amarela” da pequena cidade de Rripë, perto de Burrel, visitada pelos inspetores do TPIY (Tribunal Penal Internacional da ex-Iugoslávia)–, alguns deles teriam alimentado o tráfico de órgãos. Os prisioneiros eram conduzidos para uma pequena clínica situada em Fushë Kruja, a 15 km do aeroporto internacional de Tirana, assim que alguns clientes demonstravam interesse em receber órgãos. Eles eram, então, abatidos com um tiro na cabeça antes que os órgãos, principalmente, os rins, fossem retirados.

Assim caminha a humanidade.

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