sábado, 26 de fevereiro de 2011

PASSISTA MASCULINO - A MALANDRAGEM DO SAMBA

O samba, assim como outras danças folclóricas, têm boa aceitação entre os homens. Despido de preconceitos, atraiu muitos homens em seus variados estilos: de roda, partido alto, miudinho, etc.
Quero falar de alguns passistas que conheci e vi sambar.

Gente, o Xangô mandava muito bem, Delegado, Gargalhada, Indio e Romero (atualmente ensinando samba aos Londrinos) todos da Mangueira; Vitamina, Carlinhos e Fabio do Salgueiro; Jerônimo, Célio, Sérginho, Tôco, Baiano, todos da Portela (na época); Fábio Fuly, Anderson da Porto da Pedra, Edsom e Cássio da Beija Flor, Daniel da Grande Rio ... e tantos outros maravilhosos cujas performances jamais esquecerei.

A Portela, assim como a Mangueira, sempre foi uma escola com uma ala de passistas de respeito. Conheci o Célio na década de 90 e fiquei maravilhada com o samba do cara. Magrinho, quicava na quadra. Samba no pé todo justinho com alguns deslizes malandreados que deixava o povo enebriado. Nesta época, ainda se abriam muitas rodas de passistas no meio da quadra, e entrava muita gente boa: Marcelo Rocha, Marcelo Branco, Marcelo da Light, Baby Baiano (Baiano Sapucai) Jerônimo, ....

Na Mangueira, eles sambavam um pouco diferente, um samba mais agachado, que vai no chão e sobe um pouco, mas o cara não fica esticado, ele fica meio "angola", meio capoeira rasteira. O Indio, Celso e Russo são bons exemplos dessa incorporação de samba.

O Vitamina fazia um samba muito teatral, assim como Fábio Fuly, que brinca, que contava uma estória, incorpora gestos de uma cena criada na mente dele, e representava sambando, aliás, já vi outros caras fazerem isso no Salgueiro.
Gosto tanto dessa forma, que conheci um ritimista, excelente passista, na Grande Rio, chamado Léo, que tem na sua forma de sambar essa coisa da comunicação gestual e batemos essa bola juntos, e o povo aplaude. Nesse samba vc não se exibe sozinho, vc tem uma cena a ser desenvolvida com o outro. Sendo um casal pode ser uma cena que simula um galanteio, ou em que o homem quer a mulher e ela o rejeita, em fim, vai da imaginação.
No salgueiro, já vi uns passistas criarem cenas engraçadas, em que um tenta fazer o outro cair, um corre atrás do outro para dar uma rasteira, etc.

Atualmente os passistas não têm mais muita identidade em relação à Escola. Hoje estão aqui, amanhã, ali. É uma questão de oportunidade. Os mais velho são fiéis. Então, o Célio, que é mangueirense, mas antes desfilava pela Poertela e pela Imperatriz, hoje está muito feliz em Mangueira. O Baiano, que ganhou estandarte de ouro pela Viradouro, hoje está na Vila.

A originalidade anda meio escassa, mas garimpando, ainda se acha talentos como o de Daniel Zarmano na Grande Rio. É bonito de se ver.

Hoje diz-se que o samba masculino está muito semelhante ao dançado pelas mulheres e se atribui essa mudança ao grande número de homossexuais que integram as alas. É o que dizem por aí.

As mulheres, por sua vez estão mais prá "rebolation" do que prá samba. Mas das mulheres já comentei demais.

"[...] Mas o fato é que o passista, mesmo ele não desfilando, mesmo num canto do ensaio de escola de samba, desenvolve coisas que você tem vontade de aplaudir dez vezes, mesmo que o povo não esteja vendo. Passista é uma condição natural, de um cara que nasceu para isso e que faz coisas maravilhosas e não conta para o júri." (Fernando Pamplona)

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