sábado, 16 de abril de 2011

O FURDÚNCIO NO COQUEIRO

Esse coqueiro aqui não é árvore não. É um amigo que já passou dos 70, deu uma repaginada no coração e continua firme e forte, recebendo os amigos nos finais de semana.
Os amigos são na verdade, os amigos, os vizinhos e até os inimigos, se bobear.
O cara era um músico-militar, agora na reserva, gostava da noitada e da boemia. Ossos do ofício. Mas agora tá devagar. Como não pode ir mais pro furdúncio, traz o furdúncio prá sua casa.
Coitada da D. Olívia. Uma santa! Maneja um forno e fogão como ninguém e seu rocambole de camarão é famoso. Ninguém sai de lá sem comer. É lei. E a comida não é qualquer coisa não, é camarão, bacalhau, churrasco de primeira.
Mas o problema não é a comida. O problema é a danada da cachaça.
Cerveja lá é fácil como água. E olha que água não tá tão fácil assim, então vamos corrigir: cerveja lá é mais fácil que água. É só de litrão, a perdição da galera.
Só tem figura! Tem a Luluzinha, que depois de umas e outras, fica com o olho fechadinho, mas ligada em tudo, se derrubar é pênalti.
Tem a Silvinha e seu filho “ai molequinho”. Caracole, o garotinho é a cara do “Ai moleque” do Pânico, ô moleque levado! Tadinho, o moleque fica perdidinho no meio daquele monte de Bob Esponja e aí começa a aprontar.
Tem também a Simony, cujos filhos já mamam Antarctica direto da fonte.
Né brinquedo não! O negócio é sério.
Um dia foi prá lá uns amigos de Guapimirim. Foram fazer uma visita rápida e ficaram uma semana. O casal bebe direitinho, mas ele começou a sentir uma dor de dente daquelas! A dor foi aumentando e o cara só se anestesiando na gelada. Chegou uma hora que não dava mais, o cara tava pirando de tanta dor.
Aí, o Coqueiro teve uma idéia genial:

- Olívia, liga pro parceiro Beto e convida ele prá vir aqui tomar umas com a gente.

Convite feito, convite aceito. Lá fomos nós prá São João de Meriti.
Chegando lá, o pagode rolando, o povo cantando, e num quartinho da casa, um sujeito desesperado de dor de dente.
Aí, o coqueiro, na maior cara de pau, manda essa:

- Gente, olha que coincidência, o amigo que chegou é dentista!

Em minutos apareceu um verdadeiro instrumental cirúrgico: faca de cozinha, palito de dente, agulha de crochê, de costura, algodão e álcool. Tinha até o auxiliar de consultório: o “Ai molequinho”.

Caracole, esse povo é maluco. O Doutor mandou ver, meche daqui, cutuca dali, pega uma pomadinha lá no carro, e num passe de mágica, o cara tava tranquilinho, tranquilinho, cantando pagode e tomando uma cervejinha bem gelada, que ninguém é de ferro!

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