segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
ODEIO CAMAROTES
Se tem algo que eu definitivamente não gosto é de camarotes.
Pensei bem antes desta postagem, prá descobrir se não estaria, mais uma vez, sendo xiita, ou até revelando algum recalque por não ter um camarote só prá mim nos lugares que frequento. Depois de rigoroso exame de coinsciência, posso afirmar sem medo de errar: EU ODEIO CAMAROTES!
Parece que a origem dos camarotes está no teatro, mas nas escolas de samba, acho totalmente out. Escola de Samba era antes terreiro, que nos remete para a ligação samba/candomblé. Então samba se fazia no terreiro, nas rodas, nas batucadas.
Tudo bem que isso já passou,que as coisas mudaram, que o samba é produto e muito bem vendável, mas não custa nada registrar, principalmente pq nem tudo foi descaracterizado.
Até entendo pessoas "estranhas" ao samba quererem ficar nos camarotes para não se misturarem com a ralé. Mas o sambista querer ficar olhando por cima, aí já é demais!
Não acho bacana lugares que deveriam ser populares estabelecerem espaços separatistas. Acho que nos espaços destinados à cultura não deveria haver acepção de pessoas.
Estive um dia desses na Vila Isabel e presenciei uma cena patética: a quadra vazia, o casal de MS e PB são levados por dois diretores de harmonia até bem perto da entrada onde no alto se projeta um camarote todo rodeado de vidro, e dali, tentam, a todo custo, chamar a atenção de uma mulher que está dentro dele, branca, de aproximadamente 65 anos, absolutamente sozinha em sua gaiola majestosa. Distraída, talvez lendo um livro, ou enviando msg do seu celular. Os diretores acenavam, assobiavam, gritavam e nada! Eles se entreolham e percebem o quão ridículo é aquela situação, quando então ela os vê, e sentada, aplaude nem sabe o quê, de dentro de sua majestosa gaiola de vidro.
A Portela, há menos de uma década não tinha camarotes em sua quadra e as mesas não eram vendidas. Ah! havia sim, dois camarotes: um prá bateria tocar nos ensaios de sexta-feira e outro onde ficavam os intérpretes. Salve Jamelão! Pq nos ensaios técnicos realizados as quartas-feiras, a bateria se armava no chão.
Tempinhos depois, a Portela, copiando o que há de pior em algumas co-irmãs, constrói um camarote de vidro e numa feijoada, recebe convidados, que a tudo olham com suas caretas no vidro amassando seus narizes!!! kkkkkkkkkkk...
Na Mangueira havia dois camarotes e me lembro bem deles: um presidencial e outro prá convidados (vips). Mas não havia muito controle sobre quem entrava ou saia dos camarotes e os presidentes da época pareciam não se importar se alguem estava entrando ou saindo daquele espaço. Não havia tanta frescura nem tanta firula.
Na Grande Rio, a escola dos artistas, o camarote presidencial é um luxo, assim como de seus parentes e fiéis companheiros de labuta. Na época em que queriam a posse definitiva do terreno onde estva construída a quadra e mais um qualquer prá reforma grandiosa que fizeram, o discurso era: A GRANDE RIO É DO POVO DE CAXIAS! Mas a pergunta que não quer calar: quando algum pobre coitado ousou sequer chegar perto dos camarotes luxuosamente construído na quadra que é do Povo???
Acho que o camarote em si é apenas um símbolo dessa desigualdade que me aborrece, dessa inversão de valores, onde se valoriza quem em nada contribui e quer apenas se autopromover através da escola de samba, enquanto se ignora e desprestigia o elemento da comunidade. É por isso que eu odeio camarotes!
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