O ensaio na Grande Rio ontem estava... redondo. Calorão do jeito que a gente gosta, quadra "cheia agradável" - sim , pq tem várias categorias de "cheio" - tem o cheio insuportável (Mangueira, Salgueiro e Bola Preta) e cheio agradável (Portela e Mão de Lata), a bateria 1000!, em fim, tudo bacana.
Lá estava Renato Sorriso, aquele gari que se tornou famoso por dar um show de "samba no pé" na avenida ao final de cada desfile. Em 2010 foi até homenageado no samba enredo da Grande Rio. O cara é um grande passista: samba bonito, floreado de improvisos, ágil, simpático e ... muito popular.
Pensava sobre a questão da popularidade e o marketing pessoal. Hoje o pensamento predominante é de que toda ação deve ser um investimento, que tudo deve ter um resultado proveitoso materialmente, até o que se faz por puro prazer. Mas será que isso corre em todos os meios, em todos os grupos?
Alcione, a Marrom, entre os anos 80/90 era facilmente encontrada em Mangueira a qualquer hora do dia, principalmente nas segundas-feiras, quando aconteciam os ensaios da Mangueira do Amanhã. Alcione é uma diva do samba, cantar é o seu ofício e ganha pão. Depende da venda de CDS e da presença das pessoas em seu shows. Dizem que coincidentemente, nesta época, verificou-se um certo declínio em sua carreira e a Marrom foi aconselhada a afastar-se um pouco daquelas atividades e a diminuir sua exposição.
Os artista são cercados de um certo mistério, quando raramente são vistos, despertam a curiosidade das pessoas que, por desejarem vê-los, pagam ingressos para suas apresentações. Assim, se público e artista estão sempre em contato nas atividades diárias, perde-se um pouco do glamour.
Meu amigo Alexandre Handerson, apresentador do Globo Ciência, há muito identificou esse fenômeno, ainda quando frequentávamos Portela: queremos o que não temos. Dizia ele que "figurinha fácil" não se estabelece. Ele estava certo: matou a cobra e mostrou o pau. Tá mandando super bem no seu programa, com seu valor finalmente reconhecido.
Dependendo do que se pretende, é necessário tal estratégia. Renato Sorriso virou uma "celebridade" do carnaval e se quisesse, poderia prolongar seus 15 min de fama, entretanto, prefere ficar no meio do povão à usufruir do conforto impessoal do camarotes. Chega desacompanhado, o que não é comum quando alguem se torna famoso, lidera as rodas de passistas no meio da quadra e só vai embora no "boa noite" do locutor. Depois é facilmente encontrado tomando a "saideira" do lado de fora.
Esse comportamento o tornou um "comum", mais um passista suado sambando no meio da quadra. Obviamente que estou numa abordagem sob a ótica dos que detêm o poder, porque, para os apaixonados pelo samba, um passista suado no meio da quadra tem muito valor.
Talvez ele não pretenda profissionalizar seu prazer. Já revelou-se, numa entrevista, orgulhoso de ser um destaque na sua profissão de gari.
O que faz muita gente boa embarcar nessa canoa furada é a inversão dos valores na qual vivemos atualmente, onde no samba, prestigiados são as celebridades e o sambista, esculachado.
Então, parabéns ao Renato Sorriso pela coragem de ser diferente.
Olha vou dar meu pitaco sobre seu comentário sobre o Renato. Domingo estive no ensaio técnico da Grande Rio na Marques, e lá estava Renato, de uniforme da COMLURB, distribuindo sorrisos e andando no meio do povo. Muito me orgulho ve-lo com tanta simpatia e alegria, adoro Renato, sou fã de carteirinha e na minha opinião ele é a verdadeira celebridade do carnaval, e não algumas pseudo-celebridades que se apresentam por 2 vzs no Caldeirão do Hulk e se acham a ultima cereja do bolo, afinal que lembra quem foi a musa do carnaval 2009? Fuiiiiiiiii
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