Dizem que todo mangueirense é fanático. Eu concordo. Mangueirense é igual à Flamenguista: se acham. Na verdade, mangueirense não é torcida, é nação.
O ano era 1998, a Mangueira ganhou carnaval com uma linda homenagem a Chico Buarque. Nesse carnaval, fomos a tooodos os ensaios. Todo sábado estávamos lá. Desde o lançamento dos mais de 80 sambas em junho de 97 até o desfile das campeãs em fevereiro de 98!
Já tínhamos nossa mesinha fiel e nosso garçom super gente boa. Chegávamos, ele colocava o primeiro de muitos baldes, cheinhos de Skol, falávamos com todo mundo e todo mundo falava conosco, era uma troca de gentileza que demonstrava muito bem o espírito de corpo de uma verdadeira escola de samba. A bateria era a grande estrela da noite, anunciada pela grande e saudoso "Beto Fim de Noite".
Tocavam os sambas antigos até os atuais. Era um passeio musical pela estória da Mangueira. E o povo cantava, orgulhoso como todo bom mangueirense.
Nesse ano já havia no ar um certo pressentimento em relação ao campeonato da Mangueira, era o samba mais tocado nas rádios e nas quadras, o carisma do Chico Buarque, em fim, tudo estava a nosso favor.
Agora, mais fanático que mangueirense, só passista mangueirense. Já havia avisado: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra comemorar.
Chamei um casal de amigos lá prá casa prá assistirmos a apuração. Ele era passista, ela ficava passista de vez em quando. Ele, mangueirense, ela, portelense. Ambos desfilavam pela Portela, onde eu também desfilava, pq naquela época, a Portela sempre desfilava no Domingo e a Mangueira na segunda.
Eles tinham dois filhos pequenos: Gabriel e Gustavo.
Quando eles chegaram, já fui logo avisando: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra.
Abre um envolope, 10; abre outro envolope, 10, muito grito, muitos fogos, quando restavam apenas samba enredo, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, falei:
- Nesses quesitos não tem prá ninguém, ganhamos o carnaval!!! Bora todo mundo prá Mangueira. Aí minha comadre diz:
- Meu Deus, cadê a meia do Gabriel? E a chupeta do Gustavo?
A alegria e a pressa de chegar era tão grande que deixei todo mundo prá trás, peguei um ônibus e me mandei prá quadra. Chegando lá encontrei meu Presidente Elmo, nos abraçamos, choramos, nos enrolamos na bandeira... Coisa mesmo de mangueirense.
Depois de mais de uma hora chega meu marido, meus compadres e as crianças. Todo mundo de meinha e chupeta.
Lá pelas tantas, só alegria, fomos prá de baixo do viaduto, na barraca da Cida, e aí chegou um amigo mineiro, portelense, com sua trupe - um pessoal meio empata que andava com ele de vez em quando.
Nesse ano, Nilópolis foi vice. E no auge da nossa alegria, a amiga do amigo solta essa:
- A Mangueira roubou esse carnaval. Quem tinha que ter ganhado era a Beija Flor.
O bicho pegou.
- Como é que é?! Tú vem prá Mangueira, em baixo do viaduto, na barraca da Cida, reduto de mangueirense, esculachar com a minha escola. Ah, não!
Aí foi um pega prá capar. Como diria Preta Gil: foi babado, confusão e gritaria.
Nunca mais apareceu. Foi catar coquinho em Nilópolis
adorei,achei interessante o seu relato,me lembro muito bem que foi algo inesquecível esse dia,mas como você mesma disse,melhor que ser mangueirense,é ser passista mangueirense,é algo INDESCRITÍVEL,INENARRÁVEL,é muita emoção,e melhor ainda que ser mangueirense,é desfilar na ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA!!!!
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