segunda-feira, 25 de abril de 2011

SEM PALAVRAS

MALDITAS PALAVRAS


Oh! malditas palavras, que por vezes, dizem mais do que se quer.
Censuradas, sensuais, imorais, amorais, amorosas...
Revelam idéias e nada mais.
Podem ser até afetivas, mas nem sempre efetivas.
Se vierem dos céus têm o poder de SER; se da Terra, apenas de DIZER .
Deus DISSE e tudo se fez, mas não sou Deus, e, apenas amo essas malditas palavras, ingratas, que hoje me tornam réu e me condenam à solidão.

sábado, 16 de abril de 2011

AMOR DE VERDADE

Dizem que todo mangueirense é fanático. Eu concordo. Mangueirense é igual à Flamenguista: se acham. Na verdade, mangueirense não é torcida, é nação.
O ano era 1998, a Mangueira ganhou carnaval com uma linda homenagem a Chico Buarque. Nesse carnaval, fomos a tooodos os ensaios. Todo sábado estávamos lá. Desde o lançamento dos mais de 80 sambas em junho de 97 até o desfile das campeãs em fevereiro de 98!
Já tínhamos nossa mesinha fiel e nosso garçom super gente boa. Chegávamos, ele colocava o primeiro de muitos baldes, cheinhos de Skol, falávamos com todo mundo e todo mundo falava conosco, era uma troca de gentileza que demonstrava muito bem o espírito de corpo de uma verdadeira escola de samba. A bateria era a grande estrela da noite, anunciada pela grande e saudoso "Beto Fim de Noite".
Tocavam os sambas antigos até os atuais. Era um passeio musical pela estória da Mangueira. E o povo cantava, orgulhoso como todo bom mangueirense.
Nesse ano já havia no ar um certo pressentimento em relação ao campeonato da Mangueira, era o samba mais tocado nas rádios e nas quadras, o carisma do Chico Buarque, em fim, tudo estava a nosso favor.

Agora, mais fanático que mangueirense, só passista mangueirense. Já havia avisado: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra comemorar.
Chamei um casal de amigos lá prá casa prá assistirmos a apuração. Ele era passista, ela ficava passista de vez em quando. Ele, mangueirense, ela, portelense. Ambos desfilavam pela Portela, onde eu também desfilava, pq naquela época, a Portela sempre desfilava no Domingo e a Mangueira na segunda.
Eles tinham dois filhos pequenos: Gabriel e Gustavo.
Quando eles chegaram, já fui logo avisando: se a Mangueira ganhar, vou correndo prá quadra.
Abre um envolope, 10; abre outro envolope, 10, muito grito, muitos fogos, quando restavam apenas samba enredo, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, falei:
- Nesses quesitos não tem prá ninguém, ganhamos o carnaval!!! Bora todo mundo prá Mangueira. Aí minha comadre diz:
- Meu Deus, cadê a meia do Gabriel? E a chupeta do Gustavo?

A alegria e a pressa de chegar era tão grande que deixei todo mundo prá trás, peguei um ônibus e me mandei prá quadra. Chegando lá encontrei meu Presidente Elmo, nos abraçamos, choramos, nos enrolamos na bandeira... Coisa mesmo de mangueirense.
Depois de mais de uma hora chega meu marido, meus compadres e as crianças. Todo mundo de meinha e chupeta.
Lá pelas tantas, só alegria, fomos prá de baixo do viaduto, na barraca da Cida, e aí chegou um amigo mineiro, portelense, com sua trupe - um pessoal meio empata que andava com ele de vez em quando.
Nesse ano, Nilópolis foi vice. E no auge da nossa alegria, a amiga do amigo solta essa:

- A Mangueira roubou esse carnaval. Quem tinha que ter ganhado era a Beija Flor.

O bicho pegou.

- Como é que é?! Tú vem prá Mangueira, em baixo do viaduto, na barraca da Cida, reduto de mangueirense, esculachar com a minha escola. Ah, não!
Aí foi um pega prá capar. Como diria Preta Gil: foi babado, confusão e gritaria.
Nunca mais apareceu. Foi catar coquinho em Nilópolis

EM FIM, A RESERVA E A CADEIRA

O tempo passa e a gente nem percebe. Trinta anos se passaram desde os tempos na escola de especialista, o tempo do “novinho”, do “mais moderno” ficou prá trás.
Agora é se acostumar com a nova pele: a pele civil, a pele sem farda!
Caramba! Como é cruel e estranho a vida sem farda. Aquela que fazia as mulheres suspirarem ...- diga-se de passagem, mais pela farda em si, do que por quem as usava -, aquela segunda pele que nos dava a maior moral.
Claro que agora, prá quem vive nessas terras, farda é passaporte pro além, pq vai que bate de frente com “os caras”?! Eles não querem nem saber se teu negócio é avião, navio; eles mandam bala mesmo.
Com a reserva surgem também planos. Planos de descansar, de beber TOOODAS no domingo, já que no dia seguinte não tem quartel, de arrumar outro emprego só prá matar o tempo (tá bom!), de voltar a estudar - tá cheio de faculdade prá 3ª idade - e até prá entrar numa academia.
Depois de trinta anos de trabalho a barriga já cresceu um pouco, o cabelo já caiu, o corpo perdeu aquele vigor e a mulher já não anda tão feliz. Então é hora de malhar.
O papo era esse. Meu camarada Bernardo Negão, que serviu comigo em Belém do Pará, terra boa (muito boa!!!) falou que eu devia me exercitar, caminhar. Então eu falei que tava até pensando em comprar uma cadeira.
Prá quê!
Primeiro rolou aquele silêncio, certamente, geral pensando que tipo de cadeira seria.
O Negão perguntou:

- De balanço?

Eu respondi:

-Claro que não!

Aí a mulher dele, D. Silvia, começou a rir sem parar. E a minha mulher, que também se chama Silvia, me olhou com desdém e mandou:

-Cadeira? Só se for geriátrica!

Não satisfeita, completou:

-Ou de rodas.

Aí já era sacanagem. Eu, usando cadeira geriátrica ou de rodas! O que que a galera vai pensar???

Nisso, D. Silvia (não a minha, mas a do Negão) já tava chorando de tanto rir. É muito esculacho!!!
Depois de tantas sugestões – cadeira de balanço, geriátrica, de rodas - consegui finalmente dizer qual cadeira eu queria comprar: Uma cadeira de ginástica!!!

Prá terminar, D. Silvia:

- Serginho, a minha sugestão era a melhor de todas: uma cadeira erótica!!!

Valeu, D. Silvia!

O FURDÚNCIO NO COQUEIRO

Esse coqueiro aqui não é árvore não. É um amigo que já passou dos 70, deu uma repaginada no coração e continua firme e forte, recebendo os amigos nos finais de semana.
Os amigos são na verdade, os amigos, os vizinhos e até os inimigos, se bobear.
O cara era um músico-militar, agora na reserva, gostava da noitada e da boemia. Ossos do ofício. Mas agora tá devagar. Como não pode ir mais pro furdúncio, traz o furdúncio prá sua casa.
Coitada da D. Olívia. Uma santa! Maneja um forno e fogão como ninguém e seu rocambole de camarão é famoso. Ninguém sai de lá sem comer. É lei. E a comida não é qualquer coisa não, é camarão, bacalhau, churrasco de primeira.
Mas o problema não é a comida. O problema é a danada da cachaça.
Cerveja lá é fácil como água. E olha que água não tá tão fácil assim, então vamos corrigir: cerveja lá é mais fácil que água. É só de litrão, a perdição da galera.
Só tem figura! Tem a Luluzinha, que depois de umas e outras, fica com o olho fechadinho, mas ligada em tudo, se derrubar é pênalti.
Tem a Silvinha e seu filho “ai molequinho”. Caracole, o garotinho é a cara do “Ai moleque” do Pânico, ô moleque levado! Tadinho, o moleque fica perdidinho no meio daquele monte de Bob Esponja e aí começa a aprontar.
Tem também a Simony, cujos filhos já mamam Antarctica direto da fonte.
Né brinquedo não! O negócio é sério.
Um dia foi prá lá uns amigos de Guapimirim. Foram fazer uma visita rápida e ficaram uma semana. O casal bebe direitinho, mas ele começou a sentir uma dor de dente daquelas! A dor foi aumentando e o cara só se anestesiando na gelada. Chegou uma hora que não dava mais, o cara tava pirando de tanta dor.
Aí, o Coqueiro teve uma idéia genial:

- Olívia, liga pro parceiro Beto e convida ele prá vir aqui tomar umas com a gente.

Convite feito, convite aceito. Lá fomos nós prá São João de Meriti.
Chegando lá, o pagode rolando, o povo cantando, e num quartinho da casa, um sujeito desesperado de dor de dente.
Aí, o coqueiro, na maior cara de pau, manda essa:

- Gente, olha que coincidência, o amigo que chegou é dentista!

Em minutos apareceu um verdadeiro instrumental cirúrgico: faca de cozinha, palito de dente, agulha de crochê, de costura, algodão e álcool. Tinha até o auxiliar de consultório: o “Ai molequinho”.

Caracole, esse povo é maluco. O Doutor mandou ver, meche daqui, cutuca dali, pega uma pomadinha lá no carro, e num passe de mágica, o cara tava tranquilinho, tranquilinho, cantando pagode e tomando uma cervejinha bem gelada, que ninguém é de ferro!

CRÔNICA OU CONTO???

Abusada demais, resolvi compartilhar com meus amiguinhos umas besterinhas prá fazer rir. Começo agora a publicar aqui no blog uns contos/crônicas.
Espero que gostem.

FIM DOS TEMPOS

Um cara entra numa escola pública, atira contra vários adolescentes, aleatoriamente, e depois comete suicídio. Mata 12 e fere outros tantos. Diz que foi vítima de bullying quando estudante desta mesma escola, no passado.
O mundo está cheio das novidades. Esse tipo de crime é uma novidade no Brasil. O bullying, embora sempre tenha exisitido, foi alçado pela mídia como um fenômeno novo.
Como diria Giddens, consequências da modernidade.