Se escrevesse um livro sobre minha vida, teria que dedicar um capítulo à Mangueira..
Conheci a Mangueira ainda criança, acho que pela Revista Manchete ou Cruzeiro, que na década de 70 eram as revistas do carnaval carioca. As fotos eram lindas! O verde e rosa saltavam aos olhos! Não tinha a menor noção de onde ficava Mangueira, pois as escolas de samba mais perto da Baixada Fluminense, onde eu morava, eram Império Serrano e Portela.
Aprendi a amar a Portela através da minha madrinha Mara, que cantava prá eu dormir: "...abre a janela formosa mulher, cantava o poeta trovador..." (Samba enredo de 1971: A Lapa em três tempos).
No início dos anos 80 já frequentava a quadra em Madureira com o meu então namorado, Professor Nivaldo Jerônimo da Costa, éramos íntimos do Mestre Marçal e seu filho Marçalzinho (Armando Marçal), talentoso percussionista, hoje, internacionalmente conhecido. Estávamos tão ligados à Portela que quando houve a dissidência que resultou na criação da GRES Tradiçao, nos tornamos personae non gratae na quadra.
Em 1987, um grupo de professores aportou no Departamento Cultural da recém nascida Mangueira do Amanhã, entre eles o Professor Cristóvão e o Professor Francisco, que depois passou a ser o "Chiquinho da Mangueira".
Conheci a força da Mangueira, e meu coraçao ficou dividido. É impossível conhecer a Mangueira e não se encantar. Me encantei tanto que rompi minha timidez e me tornei passista da Verde e Rosa! .
Houve uma época que Mangueira e Portela não desfilavam no mesmo dia, providência da LIESA para equilibrar o grande público das duas maiores e mais queridas escolas de samba do Brasil. Então, eu desfilava na seleta ala de passistas da Portela no domingo e na também restrita ala de passistas da Mangueira na segunda-feira.
Estive na mangueira sábado passado (13/11) e não gostei do que vi.
A bateria, nosso maior trunfo, parece abandonada à propria sorte, como um veículo sem condutor, uma orquestra sem maestro. E não me venham dizer que no ensaio de sábado ninguem está preocupado com isso, pois o ingresso custa 20,00, uma mesa 30,00 e mais o que se consome justifica uma apresentaçao digna para o público pagante.
A quadra, absolutamente enlameada e feia. Sim, a quadra está feia.
Quanto ao samba, acho que a Mangueira perdeu a oportunidade de fazer uma homenagem à altura do homenageado. Vi poucos diretores, poucos passistas e poucos ritmistas. Do lado de fora, comentários acerca da crise financeira que a escola enfrenta. Do lado de dentro, o Presidente atual, Ivo Meireles, diz estar sendo perseguido pela mídia. Senti saudades do Presidente Elmo, especialmente em seu primeiro mandato.
Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe.
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